A heteronormatividade realmente é a regra para o casamento cristão?

Por Fábio Ribas:

Ao tratarmos da questão do matrimônio cristão, caímos sempre no engodo de duas situações. A primeira é a ênfase monolítica de que a regra para o casamento cristão é a heterossexualidade. A segunda é o silêncio assustador sobre o número de divórcios no meio cristão. Quero começar falando sobre esta segunda situação.

O casamento cristão deve ser defendido a partir da infância, desde casa até às igrejas. É preciso que se comece uma batalha tenaz a partir das crianças sobre o papel do que é ser um homem e do que é ser uma mulher. Por que estou insistindo nisso? Porque a principal causa dos divórcios não é como muitos supõem a traição conjugal, mas – pasmem – a principal causa dos divórcios é a crise financeira.

Assim, enquanto somos iludidos pela sociedade sexista e hedonista de que devemos dar uma educação sexual aos nossos filhos que garanta um casamento pleno de satisfação, o número de divórcios continua a aumentar porque temos gasto toda a munição atirando numa só e única direção.

Os pais precisam investir, desde cedo, na educação financeira dos seus filhos, principalmente ensinando a responsabilidade do homem em suprir materialmente a sua casa. Infelizmente, o que mais encontramos hoje são casais cujos maridos tornaram-se orgulhosamente dependentes financeiros de suas esposas! A tão badalada independência feminina apenas tem contribuído para que muitos homens repassem sua dependência da mãe para a esposa. Ridículo!

Infelizmente, ainda que as finanças sejam a principal responsável pelos divórcios, a Igreja não trata desse tema por não vê-lo como um “assunto espiritual”. Enquanto isso, o materialismo, a avareza e o descontrole financeiro têm sacrificado famílias inteiras no altar de Mamon.

Outra ênfase equivocada na questão do casamento tem sido a defesa conservadora da heteronormatividade como regra para o casamento cristão. E isto é um erro que quero explicar aqui, pois está custando à igreja um desvio de direção que a tem posto cada vez mais distante de fazer aquilo que deve fazer: evangelizar.

Ao lermos a famosa passagem da carta de Paulo sobre o casamento, em Efésios 5:21- 6:4, precisamos ser alertados de que estamos incorrendo em gravíssimo erro e perdendo uma preciosa chance de servirmos ao Senhor. Paulo mostra que a regra e o modelo para o casamento cristão não é a heteronormatividade, pois esta já fora estabelecida como regra para toda a humanidade em Gênesis 2: 18-25.

A regra e o modelo para o casamento cristão ultrapassam, excedem, transcendem o propósito do casamento para todos os povos, que é um homem para uma mulher e uma mulher para um homem. Paulo expõe que o casamento cristão tem como regra e modelo a própria Igreja!

Cada família cristã deve compreender que, partindo do contexto da carta de Paulo aos Efésios, nossa família deve ser um instrumento nas mãos de Deus para a proclamação do Evangelho. As outras famílias devem ser impactadas por verem a própria Igreja de Deus nos nossos lares – esta é a regra e o modelo para o casamento cristão.

Cada família cristã é uma Igreja. O marido assume a sua identidade a partir do exemplo de Jesus, que amou, cuidou e morreu pela Igreja. A esposa, confiante diante de um marido que é líder espiritual dentro de casa, que é o pastor que abre e expõe a ela e aos filhos a Palavra de Deus, terá toda a confiança de se submeter a ele. E filhos criados não para o mundo, mas para a glória de Deus.

Enfim, a comunidade da igreja local precisa se voltar para as famílias, ensinando-as a assumirem o propósito de Deus para elas. E, assim como somos chamados a gerir com responsabilidade os dízimos e ofertas para a glória de Deus nas igrejas locais, deveríamos ensinar a cada família a fazer o mesmo com suas finanças em casa.

Além disso, que cada família seja um modelo da Igreja, porque, esforçando-nos para fazer assim, estaremos evangelizando para a glória de Deus outras famílias de nosso convívio. Que assim seja sob o poder do Espírito Santo!

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