Sexo ou Gênero?

Por Rev. Helio de Oliveira Silva



Temos acompanhado uma grande discussão nacional em torno da inclusão da ideologia de gênero no ensino público brasileiro. Todavia, será que estamos por dentro do verdadeiro significado dessa proposta?


No livro Sociologia em Movimento, Ed. Moderna, pags. 337ss.(distribuído pelo MEC para o ensino médio) consta que "O conceito de gênero não se fundamenta em um princípio evolutivo, biológico ou morfológico, e sim em uma construção social”, isto é, "uma construção cultural estabelecida socialmente através de símbolos e comportamentos, e não uma determinação de diferenças anatômicas entre os seres humanos" (p. 339).

Isso quer dizer que identidade de gênero é algo totalmente diferente de sexo, pois diz respeito a uma escolha do indivíduo quanto ao seu comportamento sexual e não à sua conformação sexual anatômica em si. A ideologia de gênero prega, na verdade, a formação de indivíduos sexualmente versáteis, que decidirão que tipos de comportamento sexual adotarão para a sua conduta pessoal.

Está em andamento uma apologia aberta ao fim da família como a conhecemos, com o propósito de se produzir a verdadeira igualdade e liberdade humana. Os proponentes da “identidade de gênero” acusam a sociedade patriarcal, da qual a igreja e a família estão no fundamento, como uma das principais explicações para a discriminação social, e que a forma de se reverter esse quadro social é por meio de uma reconstrução dos papéis sociais estabelecidos.

Nos escritos desses ideólogos sociais a “família burguesa” ou “família patriarcal” que precisa ser desconstruída é a família natural, formada por um pai-marido, uma mãe-esposa e por filhos, e substituída por uma “família” mais versátil, onde os papeis não sejam tão estruturalmente definidos.

Nas Escrituras, especialmente em Paulo, quando os problemas de relações humanas e familiares são tratados, os autores bíblicos remetem a base das relações para a criação (1 Co 7; Ef 5). Os papéis são definidos por Deus e organizados segundo o critério da ordem da criação.

As acusações de que todos os males sociais têm seu fundamento nessa ordem são falaciosas e grosseiras, pois o evangelho cristão sempre teve uma conotação libertadora dos indivíduos. Os erros apontados pelos críticos do modelo cristão ignoram que sua causa advém exatamente do pecado e suas conseqüências nefastas na vida das sociedades. Essa ousadia perniciosa em desobedecer e declarar maliciosamente a sua liberdade perante Deus.

A ideologia de gênero navega pelas mesmas águas que sempre navegaram as ideologias que negam a soberania divina sobre a criação. É um equívoco crer que a libertação dos sistemas cristãos promoverá mais igualdade entre as pessoas, pois a história sempre mostrou que o oposto é o que acontece: Mais opressão e mais totalitarismo.

A igreja primitiva não era comunista!

Por Victor Santos





É comum algumas pessoas atribuírem a relação de comunhão da igreja primitiva com socialismo, defendendo a ideia que aquela comunidade buscava igualdade para todos e outros argumentos ilusórios à verdadeira realidade. Motivos para explicar que o ideal da igreja primitiva não tem nenhuma ligação com o comunismo são muitos, sejam eles históricos, teológicos e lógicos, mas vou me atentar em pontos simples para entendermos esse tema. Vejamos o texto de Atos 2: 44 ao 46:
“Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração”.
O que ocorreu na igreja primitiva foi o que João ensina em sua epístola, explicando que “o mundo e sua concupiscência passa, mas o que faz a vontade de Deus permanece” (cf. 1 João 2:17). Ou seja, a igreja não estava apegada a coisas materiais pois acreditava que Jesus voltaria daqui alguns instantes, então buscavam fazer a vontade de Deus com toda liberalidade material.

E qual vontade de Deus? João mostra que é a mensagem que os cristão ouviram desde o principio, que uns amem os outros (cf. 1 João 3:11). O amor era o que moveu a igreja primitiva, baseado no AMOR que eles se dispunham a ajudar uns aos outros.

O comunismo tem um objetivo econômico onde o Estado tem o valor máximo, “em teoria”, deseja uma sociedade sem classes (embora na história é visto que ela sempre gerou novas classes). Além disso, o comunismo tem ideias diferentes do cristianismo.

Para o comunismo o homem é o centro e tudo é relativo em termos de moralidade, o evangelho é oposto a isso colocando Deus ao centro e nos mostrando o que é moral praticarmos. Ligar o texto de Atos ao comunismo é um equívoco, pois é utilizar um texto fora de todo contexto do evangelho. Sem contar que a comunhão da igreja primitiva surgiu bem antes do idealismo socialista. A comunidade de fé era movida por amor e espontânea vontade de um indivíduo em abençoar o outro. Perceba que o evangelho transforma uma pessoa e ela por decisão própria pratica uma justiça, isso é diferente de um Estado ter posse do que você tem e distribuir como desejar.

Falo isso, porque a igreja primitiva não estava ligada a um sistema econômico, mas ligada ao AMOR que cada individuo praticava. Quando alguém entregava sua propriedade ao apóstolo para que ele utilizasse o mesmo da melhor forma para a comunidade, não faz disto um sistema socialista, pois tudo estava sendo feito por liberalidade provido pelo amor.

Se todos nós amassemos uns aos outros não nos importaríamos em que sistema político que estamos vivendo, seja em uma democracia ou até em uma ditadura, SE todos se amassem não faria diferença, pois não existiria orgulho e dinheiro como rei, mas justiça e uma busca em um ajudar o outro (claro que esse exemplo é uma utopia para um mundo de imperfeição), isso significa que a igreja primitiva não tem ligação à nenhum sistema político, muito menos ao comunismo, a passagem bíblica é um exemplo de amor para a fé e está baseado neste contexto, não em um socialismo que finge ser justiça para ser totalitário.

Este artigo não tem objetivo de comparar sistemas políticos e definir qual é o melhor, nós como sociedade devemos buscar a melhor forma de conviver uns com os outros, mas o artigo tem o desejo de eliminar a possibilidade da passagem bíblica de Atos 2 ter alguma ligação com o comunismo, ou até qualquer outro sistema político. Precisamos entender que o evangelho tem uma coerência e uma busca por uma transformação pessoal de cada pessoa, essa transformação pode refletir na sociedade, mas é impossível criar um mundo perfeito com pessoas imperfeitas.

Por isso, existe o evangelho e a mensagem de Jesus, os discípulos de Cristo devem ser o sal da terra e a luz do mundo (cf. Mateus 5:13), precisam ser a diferença, a voz de justiça e de amor em um mundo que contém sistemas falhos e pessoas falhas, a igreja precisa ser a esperança para o que sofre, independente de qualquer forma de governo.

O objetivo do texto de Atos 2 é mostrar como a igreja deve viver baseada no amor, não em como um Estado deve ter poder sobre os bens das pessoas e organizá-los. Viver de baixo de um totalitarismo em um mundo de pessoas falhas é LOUCURA! O idealismo humano por mais que seja bem intencionado é sujeito a injustiça, justo só é Deus.

Por isso, oramos a Deus: “Venha o Teu Reino!” Governo justo só o divino! É isso que a igreja aguarda, chegar o dia em que o Jesus voltará e enxugará de nossos olhos todas as lágrimas, e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor, porque todas as coisas serão novas e habitarem em um reino justo (cf. Apocalipse 21:4 e 5).

Enquanto esse dia não chega, a igreja deve buscar o amor e praticar o amor! Buscando justiça e não aceitando ideologias aproveitarem da nossa fé para defender um governo falho. Comunismo é ideologia ateísta, e passa a ser inaceitável quando tenta utilizar um evangelho puro para ter aceitação para seu sistema falho.

Deus abençoe.